sábado, 19 de maio de 2012

do silêncio...

 Federico Mompou, Musica Callada, Silent Music


"424 - Quando estiveres cansado de olhar uma flor, uma criança, uma pedra, quando estiveres cansado ou distraído de ouvir um pássaro a explicar o ser, quando te não intrigar o existirem coisas e numa noite de céu limpo nenhuma estrela te dirigir a palavra, quando estiveres farto de saberes que existes e não souberes que existes, quando reparares que nunca reparaste no azul do mar, quando estiveres farto de querer saber o que nunca saberás, se nunca o amanhecer amanheceu em ti ou já não, se nunca amaste a luz e só o que ela ilumina, se nunca nasceste por ti e não apenas pelos que te fizeram nascer, se nunca soubeste que existias mas apenas o que exististe com esse existir, quando, se -, porque temes então a morte, se já estás morto?"

                                                
                                                Vergílio Ferreira, pensar,1993 Vergílio Ferreira

4 comentários:

cs disse...

ouvi o meu silêncio .
Obrigada

L.S. disse...

cs, obrigada, que mais se pode dizer?

cs disse...

"Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na vida mas no "além" - no nada -, tira-se da vida o seu centro de gravidade." F. Nietzsche. hoje li esta frase e remEti-me para o texto do V.F. que aqui li :)

L.S. disse...

cs, de novo e sempre obrigada,pela leitura, pelo remetimento...
creio que o silêncio, este silêncio que não evoca nenhum "além" nos centra no essencial.
Ab.