segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mais raro que breve...

Às vezes a ficção dá-nos a ideia de que é possível, nomeadamente de que é fácil. Fácil viver, fácil perder e ganhar, fácil perder e encontrar, fácil o encontrar. Porém a realidade, sem delicadeza ou suavidade, mostra-nos que o encontrar é tão raro. Relembram-se os verdes anos, o tempo em que todos os sonhos eram possíveis (quando a ficção não nos era tão extrínseca,  mas misturava-se em nós como coisa vivida). Nesses tempos não houve a generosidade dos deuses na abundância dos encontros, mas disso não se reclamava. Houve o frémito da pequena emoção, do olhar que se roubava, do sorriso ou toque que se resgatava. Achava-se, à época, que tal era privilégio raro, e como o tempo passava lento demorávamos-nos no viver de tais emoções, não pensando na raridade.
Hoje sabe-se que, ainda que tudo seja tão breve, é mais raro que breve.

2 comentários:

cs disse...

É a hora de contemplar?

L.S. disse...

cs, que mais me restará?
muito mais, bem o sei, mas...
Obrigada.