quinta-feira, 24 de agosto de 2023

 Sim, regressa-se… ainda se continua a olhar. Menos, é certo, mas importa voltar.

Outros caminhos e desvios nos tolhem o olhar, esquecemos que há poesia, sempre há…


domingo, 23 de agosto de 2020

Ainda...

 

Ainda por aqui...

O tempo que passa, os dias que se sucedem, assim é a vida.

Que a contemplação não se esqueça, que o olhar permaneça...

domingo, 1 de dezembro de 2019

Sobre o que permanece...


Continua quase igual, conseguir ver o que permanece...
Talvez apenas nós passamos, porém sem alarde...

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

ainda...

Para que se continue, para que se prolongue um pouco mais as palavras...

terça-feira, 10 de abril de 2018

Nel mezzo del cammin di nostra vita...


Nel mezzo del cammin di nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura,
ché la diritta via era smarrita.
Ahi quanto a dir qual era è cosa dura
esta selva selvaggia e aspra e forte
che nel pensier rinova la paura!

Dante Alighieri, La Divina Commedia.

No meio do caminho desta vida me vi numa selva escura, onde me perdi da verdadeira via. Ah, mas como é duro falar desta selva selvagem, que, só de relembrá-la, traz-me de volta o pavor que lá senti. 
[Trad. Eugênio Vinci de Moraes. 2016-A Divina Comédia, L&PM]

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

... da memória



A memória esse lugar onde se passeia.
A memória esse jardim, como um parque por onde se deambula, mas para onde se vai, apenas  quando se quer.
A vontade decide relembrar.
A vontade decide ir caminhar por esse jardim, ora verdejante e luminoso, ora mais carregado de  tons de inverno.
Apenas passeios...

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

... de Milano.


Non è che  dalle cuspidi amorose
Crescano i mutamenti della carne,
MIlano benedetta 
Donna altera e sanguigna 
con due mammelle amorese 
pronte a sfamare i popoli del mondo,
Milano dagli irti colli 
che ha veduto qui 
crescere il mio amore 
Che ora è defunto.
Milano dai vorticosi pensieri 
dove le mille allegrie 
muoiono piangenti sul Naviglio.

Alda Merini

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

dá-me as tuas mãos...

                                                 John Pototschnik, Best Friends Forever, 2013.

Dá-me as mãos por brincadeira
Na dança que não dançamos,
Porque isso é uma maneira
De dizer o que pensamos.
Dá-me as mãos e sorri alto,
A vigiar o que rio,
Bem sabes que assim já falto
A pensar coisas a fio.
Não quero largar as mãos
Assim dadas por brinquedo.
Deixa-as ficar: há irmãos
Que brincam assim a medo.
Não largues, ou faz demora
A arrastar, a demorar,
As mãos pelas minhas fora,
E já deixando de olhar.
Que segredos num contacto!
Que coisas diz quem não fala!
Que boa vista a do tacto
Quando a vista desiguala!
Deixa os dedos, deixa os dedos,
Deixa-os ainda dizer
Aqueles dos teus segredos
Que não podes prometer!

Deixa-me os dedos e a vida!
Os outros dançam no chão,
E eu tenho a alma esquecida
Dentro do teu coração.
Todo o teu corpo está dado
Nas tuas mãos que retenho.
Mais vale ter enganado
Do que ter porque não tenho.

Pessoa Inédito. Fernando Pessoa. (Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). 


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

do tempo...

(...) tem cada um o seu modo de dormir e morrer, julgamos nós, mas é o dilúvio que continua, chove sobre nós o tempo, o tempo nos afoga.
                                                       José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

da memória...


              O nosso passado está a refazer-se constantemente no nosso presente...
              A memória permanece, ainda que não se precise de lembrar.
              O esquecimento, esse não precisar de lembrar, salva-nos...

segunda-feira, 24 de julho de 2017

BUenos Aires...

Buenos Aires

¿Qué será Buenos Aires? 
Es la Plaza de Mayo a la que volvieron, después de haber guerreado en el continente, hombres cansados y felices. 
Es el dédalo creciente de luces que divisamos desde el avión y bajo el cual están la azotea, la vereda, el último patio, las cosas quietas. 
Es el paredón de la Recoleta contra el cual murió, ejecutado, uno de mis mayores. 
Es un gran árbol de la calle Junín que, sin saberlo, nos depara sombra y frescura. 
Es una larga calle de casas bajas, que pierde y transfigura el poniente. 
Es la Dársena Sur de la que zarpaban el Saturno y el Cosmos. 
Es la vereda de Quintana en la que mi padre, que había estado ciego, lloró porque veía las antiguas estrellas. 
Es una puerta numerada, detrás de la cual, en la oscuridad, pasé diez días y diez noches, inmóvil, días y noches que no son en la memoria un instante. 
Es el jinete de pesado metal que proyecta desde lo alto su serie cíclica de sombras. 
Es el mismo jinete bajo la lluvia. 
Es una esquina de la calle Perú, en la que Julio César Dabove nos dijo que el peor pecado que puede cometer 
un hombre es engendrar un hijo y sentenciarlo a esta vida espantosa. 
Es Elvira de Alvear, escribiendo en cuidadosos cuadernos una larga novela, que al principio estaba hecha de 
palabras y al fin de vagos rasgos indescifrables. 
Es la mano de Norah, trazando el rostro de una amiga que es también el de un ángel. 
Es una espada que ha servido en las guerras y que es menos un arma que una memoria. 
Es una divisa descolorida o un daguerrotipo gastado, cosas que son del tiempo. 
Es el día en que dejamos a una mujer y el día en que una mujer nos dejó. 
Es aquel arco de la calle Bolívar desde el cual se divisa la Biblioteca. 
Es la habitación de la Biblioteca, en la que descubrimos, hacia 1957, la lengua de los ásperos sajones, la 
lengua del coraje y de la tristeza. 
Es la pieza contigua, en la que murió Paul Groussac. 
Es el último espejo que repitió la cara de mi padre. 
Es la cara de Cristo que vi en el polvo, deshecha a martillazos, en una de las naves de la Piedad. 
Es una alta casa del Sur en la que mi mujer y yo traducimos a Whitman, cuyo gran eco ojalá resuene en esta página. 
Es Lugones, mirando por la ventanilla del tren las formas que se pierden y pensando que ya no lo abruma el deber de traducirlas para siempre en palabras, porque este viaje será el último. 
Es, en la deshabitada noche, cierta esquina del Once en la que Macedonio Fernández, que ha muerto, sigue 
explicándome que la muerte es una falacia. 
No quiero proseguir; estas cosas son demasiado individuales, son demasiado lo que son, para ser también Buenos Aires. 
Buenos Aires es la otra calle, la que no pisé nunca, es el centro secreto de las manzanas, los patios últimos, 
es lo que las fachadas ocultan, es mi enemigo, si lo tengo, es la persona a quien le desagradan mis versos 
(a mí me desagradan también), es la modesta librería en que acaso entramos y que hemos olvidado, es esa 
racha de milonga silbada que no reconocemos y que nos toca, es lo que se ha perdido y lo que será, es lo 
ulterior, lo ajeno, lo lateral, el barrio que no es tuyo ni mío, lo que ignoramos y queremos.

Elogio de la sombra (1969), Jorge Luis Borges 

terça-feira, 6 de junho de 2017

do caminhar...





                                          Que bom, quando quase tudo é perfeito,
                                          Basta olhar o mundo, ao teu lado,
                                          caminhando de um lado para o outro,
                                          deixando que o teu mapa nomeie os lugares.
                                          Pudesse ser sempre assim, os dias, as horas,
                                           momentos de caminhar e sorrir...

quinta-feira, 16 de março de 2017

da proibição...



"Dizia para si mesma: amar é uma proibição de estar só"
Aqui



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

da serenidade...



a serenidade é essa paz suave que nos anima e protege.
mais do que um escapar sem escoriações a perigos e lutas,
é um continuar suavemente, num contentamento contido em nós.
porque todo o contentamento, para não ferir o fora de nós, 
deve ser desmesuradamente contido em nós.
suave e sereno, como era o teu olhar,
antes de traí-lo.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

...do perder




Pode desistir-se a qualquer momento.
Não é o mais fácil.
Perder dói.
A escuridão está sempre à nossa espera...
Desistir é fim.
Que há depois do fim?
Nada, quase nada.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

ainda bem...



Marisa Monte
Apenas, ainda bem...

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

le strade di Aleppo...




Vago per le strade di Aleppo
la polvere è la mia seconda pellet
la rassegnazione è il mio unico sentimento
niente rabbia, né odio, né dolore, nemmeno paura
Vago per le strade di Aleppo
a volte mi chiedo se la morte non sia un'artista
perché quell'enorme chiazza di sangue
impressa su ciò che resta di un muro
sembra un quadro astratto
ed il colore rosso è stato strappato dal tramonto di fuoco
che si intravede tra le case smembrate

Vago per le strade di Aleppo
senza una meta
ed è come se vagassi per le strade di Mogadiscio
le strade di Sarajevo
le strade di Beirut
le strade di Hiroshima
le strade di Norimberga
le strade di Verdun...
perché l'architetto della guerra
le sue città
le disegna tutte uguali

segunda-feira, 14 de março de 2016

do que permanecerá...

John Pototschnik, For a Moment, All the World Was Right, 2012
Definitivo.
Um amor definitivo.
Que se quer dizer, ao dizê-lo?
Quer-se falar do para sempre, do que permanecerá.
Não são as palavras que se dizem, são elas que se impõem em nós.
Para sempre...
Bem se sabe da pequenez e finitude, que a arrogância humana não anulam, duma existência.
E como criação humana, connosco partilham, as palavras, a temporalidade. Parecem perdurar bem mais, porém a humanidade é o seu horizonte temporal.
Definitivo, é  o que se define, o que se escolhe, e assim sendo, será o que permanecerá em nós.
Para sempre...

domingo, 17 de janeiro de 2016

caminhar...





Sempre bom caminhar pela cidade.
Conhecê-la, como se fosse possível apropriarmo-nos dos lugares, e de alguns recantos.
E, como se mostrá-la a alguém a fizesse mais íntima.
Por isso se quer voltar, para voltar a falar das ruas... e da ave que no céu, nos aponta a felicidade...
Voltemos.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

luz...


       Mesmo na noite, há sempre luz, seja pelo luar, seja pelo humano que há em nós.
       Lá, foi um agora feliz...

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

hoje...



                 Sim, é hoje, a vida...
                 O agora importa, e prevalece.
                 Mas nenhum agora é uma ilha...
                 Na certeza do agora, na realidade do hoje, há o que foi e a espera do que virá.
                 Sim, o agora é nosso.
                 Sim, estarei atenta...

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

vieste...


Vieste, e gostaste. Eu sabia-o.
(Só não sabia que ia ser imperfeito)
Gosta-se do que, em silêncio, se vê, sentindo.
Vieste, e gostaste. 
Eu sempre o quis, que viesses!
Demoraste...

Permaneçamos nós sempre por aqui…
Não deverias deixar-me.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Ausência...

Sim, muda-se, devagar, passamos a ser quem deveríamos ser.
No devir do ser, sentimos... e o pensar não faz parte desse sentir, segue tão mais atrás... ausenta-se, nas mais das vezes.
Não, pensa-se sempre, demasiado depressa, num redemoinho temeroso  e assombroso de palavras, sem coesão.
Há tanta emoção, e silêncio...
Não deverias deixar-me...

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

janeiro de 2015 - Vive la Fance!



Et nous, qui étions heureux a Paris... presque sans le savoir.
Paris sera toujours Paris.
Paris, aurons-nous une autre chance?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

das flores...


           São flores, são os cheiros doces e, sempre, sempre a ternura, que deixam marcas por dentro. 
           Há sempre o sorriso, aquele que emerge da alma, e que aflora no olhar, no nosso olhar.
           Assim, há o encanto de um lugar, de um tempo. 
          Ainda que os dias pareçam duros...


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

do sentir...


                                                  Mary Jane Cross, Breath of Heaven 


 São ternas as tuas mãos.
Como se falassem, as tuas mãos, e eu ficasse à escuta.
Escuto o silêncio que nos cinge, sentir e sorrir bastam-te.
Não rasgam o silêncio, as tuas mãos.
Não esquecem a ternura, as tuas mãos.