Coimbra, 21 de Outubro de 1993 ─ Carpe diem. O velho Horácio disse-o provavelmente quando, como eu
agora, já não podia recuperar nenhuma das muitas horas perdidas. Porque,
desgraçadamente, é sempre o que acontece. Poucos chegamos ao fim contentes de
termos respondido a todos os acenos da vida. Levamos connosco para a sepultura
o pesadelo dos gestos que não fizemos, das palavras que não proferimos, dos
actos que não praticámos, dos sentimentos a que não damos expressão. A cruciante
consciência de que a grande parte das oportunidades que tivemos foram
desperdiçadas. E a íntima e desesperante certeza de que, tê-las aproveitado,
seria o melhor da nossa existência.
Carpe
diem.
Foi-nos recomendado. Mas o talvez mais clarividente alerta que em todos os
tempos um poeta nos fez, não teve, nem tem, ouvidos capazes de o ouvir. É uma
locução erudita morta, sepultada nas páginas azuis dos dicionários.
Por uma cidade, numa cidade, por ti, por mim, em mim renasce a vida, as emoções, os livros, as palavras...
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