quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Mal de te amar neste lugar de imperfeição...

 


Terror de te amar num sítio frágil como o mundo.

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Coral

domingo, 22 de setembro de 2013

das tuas mãos no meu rosto...

Bo Bartlett, 2009, Penumbra

As tuas mãos no meu rosto...
É das tuas mãos no meu rosto de que preciso.
As tuas mãos no meu rosto, são toda a ternura do mundo.
As tuas mãos no meu rosto, são muito mais que a suavidade delas, são toda a ternura do gesto.

Ensinaste-me a sentir, primeiro, para depois me mostrares como eram as tuas mãos no meu rosto.
As tuas mãos no meu rosto, são em mim a ternura da alma.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Caminhando...


Longo o caminho, feito ou a fazer...
Sempre a procura da serenidade, quer-se a tranquilidade.
Como se tudo fosse menos penoso, desse modo.
E quando se sabe, sentindo, que já não se caminha só...
Caminhemos...

quinta-feira, 30 de maio de 2013

... do rio que passa.



   talvez haja sempre um rio.
   precisamos de um rio, de olhá-lo... da janela vemos uma nesga de rio.
   e em nós há o sorriso de quem sabe olhar o rio que passa...
   e no rio que passa, se enlaçarmos as mãos, veremos a esperança...

domingo, 5 de maio de 2013

pelas águas de um rio...

 

Perceber Virgínia Wolf, que caminhou, com determinação, pelas águas de um rio. Mergulhou nele, talvez sem medo, até porque a água de tom verde (talvez) não intimidasse quem serenamente não queria mais andar por aqui.
Às vezes quer-se um rio por onde caminhar, porque não há outro caminho...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Cai chuva do céu cinzento


Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.

Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não,
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.
                 
                         15-11-1930          Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa

E porque chove. Talvez os dias, nublados, nos limitem a esperança, se ao menos houvesse luar... saberíamos ter esperança.

segunda-feira, 18 de março de 2013

O amor é uma companhia.

Pierre Auguste Renoir, La Promenade
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na
                                        ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara
                                         dela no meio.

segunda-feira, 4 de março de 2013

because of you...




Sobre uma Europa à deriva, bem se sabe que os dias não são de esperança, antes de desalento e de incerteza.
Perdidos na voracidade e agitação dos dias, pelo desconcerto do mundo.
Para lá da espuma dos dias fica sempre tão pouco.
E o mar, e um olhar podem ser tanto...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

da ternura...

Steve Hanks -Country Comfort
" ...o amor é sempre um renascimento, mas o meu era-o absolutamente no sentido próprio do termo. Numa semana tornei-me outro homem.(...) Evaporou-se tudo o que, na vida, me parecia sombrio. Sabia tirar partido das coisas. Ousava ser feliz."

Divórcio em Buda, de Sándor Márai
Dom Quixote, 2010
Tradução de Ernesto Rodrigues
 
Janeiro, as chuvas, os dias cinzentos, e a ternura que em nós derrama luz e calor, bem mais que o sol de inverno...